Falta merenda e mais de mil alunos comem só pão puro em escola municipal de Campo Grande

O problema da falta de merenda escolar não se restringe aos Ceinfs (Centros de Educação Infantil). Alunos de escolas municipais de Campo Grande também estão a pão seco. Hoje a denúncia veio de pais da escola Professor Luiz Cavallon, no bairro Jardim Colonial e a reportagem constatou: foi servido apenas pão caseiro na hora do lanche.

Um estudante que já entrava no ônibus para ir de volta pra casa contou que saiu com fome. De arroz e frango ou peixe, que rotineiramente é o cardápio, ele hoje só comeu pão.

“Ela conseguiu comer porque eu mandei”. A resposta é do motoentregador Veimar Chilavier Oliveira, de 36 anos, que desde março manda lanche todo dia para a filha de 9 anos não voltar para a casa com fome.

Ele conta que a orientação veio da escola mesmo, com a justificativa de que a merenda estava em falta. “É uma falta de respeito, não é? É criança. A gente não esperava porque já paga por isso nos impostos”, argumenta.

A reportagem apurou que na semana passada a escola recebeu duas caixas de frango. Foi o que deu para ser usado na chamada mistura, junto do arroz ou macarrão. No entanto o estoque que precisa alimentar 1.280 crianças só durou dois dias. No restante, a comida foi à base de arroz, feijão e macarrão de soja.





Indignada com a situação, duas mães relataram à equipe que para manter as crianças alimentadas ou mandam de casa ou dão dinheiro para que elas comprem na própria escola. Valor que não estava no orçamento.

“O pão hoje não veio nem com manteiga. A gente fica com dó porque tem criança que não tem nem leite em casa e chega aqui e também não tem”, descreve a mulher que prefere não se identificar.

A outra mãe que tem três filhos em casa, relata que nunca passou por isso. “Nem o kit escolar chegou, imagina merenda. Verduras e legumes até vem, mas não é o suficiente. Até março ainda tinha, mas agora, meu Deus do céu, não tem esperança nem para as crianças”, desabafa.

O enredo da falta de merendas já ganhou até investigação do Ministério Público Estadual. No último dia 5, o promotor Sérgio Harfouche, titular da 27° Promotoria da Infância e Adolescência, abriu procedimento investigatório porque não obteve resposta da prefeitura em relação à falta de merenda e nem recebeu o plano financeiro pedido, que garantisse a compra dos alimentos até o final do ano.

No dia seguinte, com medo de também ser responsabilizado pela falta de alimentos, o Conselho de Alimentação Escolar passou a reunir informações sobre o problema junto à Secretaria de Assistência Social.

Fonte: Campo Grande News





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